A região das Agulhas Negras fica bem na divisa do estado do RJ com os estados de SP e MG, o que faz com que seja comum, mesmo em pedaladas mais curtas, cruzar as divisas entre esses estados e aproveitar o que o interior de cada um tem de melhor a oferecer. É o caso do pedal até o distrito de Passa Vinte (MG) chamado Carlos Euler, que encanta por sua história, suas cachoeiras e seu clima acolhedor. Nesse roteiro você vai ficar por dentro de todos os detalhes desse passeio incrível que começa no distrito de Falcão, no município de Quatis. Confira!
Como já dissemos na introdução, o ponto de partida sugerido dessa vez é a vila de Falcão, pertencente à Quatis, um dos quatro municípios da nossa região. Ir de carro até essa localidade e começar a pedalar a partir de lá é uma ótima pedida, mas também é possível chegar até lá pedalando, pois a vila fica a pouco mais de 20km do centro de Quatis, tendo a Rod. Joaqui Mariano de Souza (RJ-159) como principal via de acesso. Se você não sabe chegar até Falcão, clique aqui. A propósito, ir e voltar a partir do centro de Resende, por exemplo, até o destino final desse passeio te faria pedalar por um total de 130km, um bom desafio.
Partindo da praça central de Falcão, seguindo pela estrada sentido MG, antes mesmo de deixar a vila para trás, há uma bica d'água que pode ser usada para encher as garrafinhas antes de seguir. Aproveite, pois o próximo ponto com água potável fica muitos quilômetros a frente.
Os primeiros 5,7km do passeio serão pela rodovia, no asfalto, mas nem por isso menos interessantes. Belas paisagens e a ferrovia que corre em paralelo à estrada te farão companhia enquanto pedala praticamente sem nenhuma inclinação, uma ótima forma de aquecer para os desafios que te esperam.
O asfalto termina em uma ponte sobre o Rio Preto, curiosamente o mesmo rio que cruza a região turística de Visconde de Mauá, sobre a qual já escrevemos vários roteiros aqui no site. É nesse ponto inclusive que está a divisa entre os estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Já em terras mineiras, a primeira coisa que você vai reparar, além da mudança na pavimentação, são as placas que indicam a direção para as várias atrações turísticas de Passa Vinte, município que você terá acabado de adentrar.
Seguindo à direita depois de passar pela ponte, logo você irá ver o belo pórtico de boas vindas à Passa Vinte, seguido do letreiro de "Eu Amo Passa Vinte". Há também nesse lugar placas com os nomes das várias cachoeiras que você irá passar enquanto pedala morro acima. Aproveite para tirar algumas fotos e se hidratar antes de começar a longa subida que te aguarda em seguida.
Você deverá seguir pela estrada de terra à esquerda do letreiro, uma subida constante de aproximadamente 10 quilômetros te espera nessa próxima fase do pedal, sendo os primeiros km marcados por uma paisagem rural exuberante.
Enquanto sobe, você irá passar por duas cachoeiras na beira da estrada, do seu lado esquerdo, a primeira delas é o Poço do Açude e a segunda a Cachoeira da Princesa, distantes 2,4km e 2,8km, respectivamente do ponto onde a estrada de terra teve início. Na segunda delas há inclusive uma pequena piscina natural para aqueles que quiserem se refrescar.
Depois de subir por 5,4km você irá avistar uma virada à direita que deverá ignorar, pois te levaria até o centro de Passa Vinte. Siga reto nesse ponto, passando por baixo da ferrovia.
Logo depois do viaduto da ferrovia você irá fazer uma longa e agradável descida e se deparar com uma bifurcação, onde deverá se manter à esquerda para continuar em direção à Carlos Euler.
Seguindo em frente por um trecho de subidas um pouco mais íngremes, em determinado momento você irá passar por baixo de uma tubulação, um importante ponto de referência para te lembrar de parar e olhar para o vale que irá surgir à sua direita pouco depois, uma chance de ver a Ferrovia do Aço por um ângulo privilegiado.
Pouco depois desse ponto, havendo percorrido cerca de 8 quilômetros da estrada de terra, você chegará ao ponto que marca o início da trilha para a Cachoeira do Lajeado. Haverá um pequeno portal do seu lado direito, com instruções sobre uso do lugar e inclusive uma caixinha para você deixar de forma voluntária uma contribuição sugerida de 5 reais, como taxa de preservação.
A trilha até a cachoeira é impossível de ser feita pedalando e mesmo empurrar a bike é muito difícil, então nossa sugestão é que deixe ela encostada em alguma árvore a partir de um ponto onde não seja mais possível avistá-la a partir da estrada. Nossa recomendação é que desça com ela até no máximo o ponto onde há uma bica d'água, pois a partir dali se torna ainda mais difícil, simplesmente não vale a pena levar.
Depois de cerca de 100 metros caminhando você vai entender porquê vale a pena o esforço para visitar essa cachoeira. Em um primeiro momento pode até acontecer de você ficar confuso ao chegar na água, imaginando onde está a tal cachoeira, isso porque na verdade a trilha te leva ao topo dela, de modo que você precisa descer o rio pela lateral à direita para ter uma vista mais ampla da mesma.
A cada metro que desce a cachoeira impressiona mais e a descida parece nunca ter fim, uma experiência realmente diferente de todas as cachoeiras da região!
De volta a estrada, a próxima parada já será no centro da vila de Carlos Euler. Para chegar até lá você terá que vencer a subida mais difícil de todo este passeio, que começa logo após passar por cima da linha férrea. O segredo é já ir mudando a marcha assim que perceber que está pedalando sobre blocos de concreto ao invés de terra.
Você saberá que chegou à vila quando passar por uma espécie de represa do seu lado direito e uma placa de boas vindas do lado esquerdo.
Ao se aproximar do centrinho da vila, o primeiro ponto de atenção será a antiga estação ferroviária do seu lado esquerdo, que facilmente passa despercebida pelos menos atentos. Se você deseja tirar algumas fotos nesse lugar "altamente instagramável", lembre-se que o ponto de mais fácil acesso ao trilho do trem fica logo em frente à Casa Comercial Fortunato Nardelli, uma construção de 1916, que por si só também merece uma paradinha para apreciação.
Mais um pouco adiante e você irá reparar em algumas escadas do seu lado esquerdo que levam mais uma vez ao trilho do trem e a uma outra construção, esta abandonada, mas que também merece ser vista mais de perto. Se você sabe algo a respeito da história desse prédio, nos conte nos comentários, por favor.
No centro da vila você encontra alguns poucos comércios e uma pequena praça com muitas flores, uma bica d'água e o mais importante, internet wifi gratuita, sem senha. Faça bom proveito.
Recarregadas as energias, hora de seguir para a atração principal do rolê, a impactante Cachoeira de Carlos Euler. Continuando em frente depois do centrinho, você deverá virar à esquerda seguindo as placas que apontam para Bocaina de Minas e para cachoeira. Logo em seguida você irá passar por baixo de mais um viaduto ferroviário.
Serão cerca de dois quilômetros por uma estrada de terra às margens do rio até você avistar uma saída à esquerda. Se passar direto sem querer, logo perceberá o erro ao começar a subir um morro com sem fim e muito inclinado, caminho para Bocaina de Minas, que pode ser teu destino um outro dia.
Após passar por uma ponte de madeira você verá uma cerca do lado direito que possui uma abertura por onde você deverá passar. Será necessário atravessar a bike por cima da cerca, bora fazer força com os braços um pouco pra variar né.
Após passar pela cerca, você pode seguir pedalando por uma trilha até chegar a mais uma cerca, onde você terá que atravessar a bike da mesma maneira, caso a porteira não esteja aberta. Seguir pedalando é um ótimo desafio para quem quer ganhar experiência em trilhas.
O barulho da água vai ficando mais forte até que você avista a enorme queda d'água da Cachoeira de Carlos Euler. É impossível não se impressionar com a imponência dessa maravilha da natureza, aquele momento em que você lembra de todo o esforço que fez pra chegar e conclui que valeu a pena.
Não estranhe se você tiver a oportunidade de observar alguns praticantes de rapel descendo a parede da cachoeira. Inclusive, é possível chegar até o topo da mesma por meio de uma trilha pela mata do lado esquerdo da mesma, mas só faça isso se tiver alguém no local que conheça a trilha para te guiar, para não correr o risco de se perder. Além disso, saiba que se trata de uma subida íngreme praticamente se arrastando pelo barro, portanto, só recomendado para quem tem ótimo preparo físico e muita experiência em trilhas. Se não for teu caso, pelo menos você pode ver como é nas fotos abaixo:
No seu caminho de volta, tome cuidado com o excesso de velocidade nas longas descidas até chegar ao asfalto. Para encerrar, vamos deixar como sugestão o ótimo vídeo feito pelo nosso amigo Durval, do canal Bike & Places, que mostra os melhores momentos dessa nossa aventura:
Resumo
A partir de Falcão, siga por pouco mais de 5km até a divisa com MG e vire à direita em direção à Passa Vonte. Logo em seguida, após passar pelo portal, siga à esquerda na bifurcação, subindo pela estrada de terra por cerca de 12km até a vila de Carlos Euler, com a opção de conhecer a Cachoeira do Lajeado no caminho. Passada a vila, vire à esquerda e pedale por mais 2km até virar novamente à esquerda e chegar ao início da trilha até a Cachoeira de Carlos Euler.
Considerações finais
Esse é um daqueles passeios para ficar para sempre na memória, seja por sua dificuldade, seja por sua natureza única. Conte pra gente nos comentários o que você achou das informações apresentadas aqui no roteiro e se você vier a usar ele como guia para fazer esse pedal um dia, não se esqueça de voltar aqui e nos contar como foi, por favor.
Ficha técnica
Bike recomendada: MTB
Terra: 13km
Asfalto: 6km
Quilometragem total: 19km
Ganho de elevação: 645m
Exposição ao Sol: ALTA
Nível: AVANÇADO Atrações: Falcão; Portal de Passa Vinte; Cachoeira do Lajeado; Vila de Carlos Euler; Cachoeira de Carlos Euler
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Boa noite! Muito obrigado por compartilhar, por conta do seu relato animei a fazer o trajeto, Passa Vinte é caminho algumas vezes para eu ir trabalhar no estado do RJ. Chamei meu irmão, colocamos as bikes no carro e fomos até Passa Vinte. De lá descemos pra divisa e começamos o trajeto subindo pra Carlos Euler
Só não deu pra entrar na água pois final de maio é frio (estava 12º ao meio dia em Carlos Euler). Achamos um rancho em Carlos Euler que nos preparou um ótimo almoço!
Excelente passeio, lindas paisagens.
Valeu D+ Grande Abraço! Gilvan - Juiz de Fora/MG