A região das Agulhas Negras possui diversas atrações turísticas de cair o queixo, mas talvez nenhuma delas seja mais importante e mais inesquecível que o Parque Nacional do Itatiaia, onde está localizado o Pico das Agulhas Negras, com seus 2791m de altitude, o ponto mais alto do estado do Rio de Janeiro. O PNI foi o primeiro parque nacional do Brasil, fundado em 1937 e é dividido em duas partes, a Alta e a Baixa. Neste roteiro iremos te contar tudo que os ciclistas precisam saber sobre a estrada principal da Parte Baixa (mas não tão baixa assim) deste incrível parque que todo brasileiro deveria conhecer.
Dessa vez, a aventura começa na Graal Itatiaia, que fica às margens da Rodovia Presidente Dutra, na altura do município de Itatiaia. Se você não sabe chegar até esse ponto, clique aqui.
A partir da Graal você deverá seguir pela marginal da rodovia, de olho nas placas que indicam a direção para o Parque Nacional. Na primeira rotatória, vire à direita.
Fazendo isso, você chegará a uma rua com canteiro no meio, canteiro este que deverá acompanhar até que este faça uma curva à esquerda mais adiante, no final desta rua você chegará a outra rotatória após uma subida leve, nela, vire à direita. A partir daí basta seguir subindo pela estrada principal por cerca de 4,5 quilômetros até a portaria da parte baixa do parque.
No caminho até lá você irá passar por uma ponte sovre o Rio Campo Belo e por diversos locais ideais para banho, todos documentados em detalhes no nosso roteiro chamado "Cachoeiras de Itatiaia". Vale a pena conferir, caso você queira conhecer algum desses lugares, como o Paredão, o Conora ou o Paraíso Perdido.
Pouco antes de chegar na portaria do parque, você verá uma bifurcação com placas apontando um caminho à direita que leva até o Hotel Vista Linda, um pedal que já ganhou seu próprio roteiro aqui no site. Após pedalar por mais 200 metros pela subida mais desafiadora até então, você já irá avistar a bonita portaria da parte baixa do Parque Nacional do Itatiaia, onde tirar algumas fotos será inevitavel, especialmente se for sua primeira vez nesse lugar.
Bem em frente à portaria há uma placa indicando quais cachoeiras estão fechadas devido ao risco de trombas d'agua ou para alguma manutenção na trilha. Você pode obter informações atualizadas sobre o valor dos ingressos e eventuais descontos clicando aqui.
Passando pela portaria você começará de imediato a subida praticamente ininterrupta que te levará até o destino final desse passeio. Serão aproximadamente 8,5km de subidas, sendo 4,5km em um asfalto impecável e 4km na terra. A todo momento você estará cercado de Mata Atlântica de ambos os lados, fazendo com que quase a totalidade do percurso seja feito na sombra.
Dois quilômetros após iniciar a subida, você irá chegar no primeiro ponto de parada, o Mirante do Último Adeus, lugar onde vale a pena subir alguns lances de escada com a bike e contemplar a paisagem com sua companheira de aventura. Impossível não registrar em fotos esse momento.
Logo depois do mirante, você verá uma placa indicando uma trilha à esquerda, esse é o ponto que marca o início do Circuito Monteserrat, um conjunto de trilhas interligadas que já documentamos em detalhes em um roteiro específico que você pode acessar clicando aqui! A propósito, cerca de um quilômetro depois, seguindo pelo asfalto, você verá à sua direita o local onde este circuito termina.
1,5km depois do Mirante do Último Adeus, você irá avistar à sua esquerda uma pequena casinha de madeira, que serve de base para os funcionários do parque. Em frente a esse lugar é onde fica a Pedra da Fundação, que pode ser acessada por meio de uma escadaria curta. Chama a atenção a semelhança dessa pedra com outra bem famosa da nossa região, a Pedra Sonora, localizada na Serrinha do Alambari.
Próximo da Pedra da Fundação há também uma bomba de combustíveis e um calibrador de pneus da década de 30 e que foram restaurados recentemente pela administração do parque, verdadeiras relíquias que fazem parte da história desse lugar.
Pouco depois você irá passar em frente à chamada Casa dos Seixos, uma construção de pedra muito bonita que hoje abriga o Restaurante Miltinho III , que serve uma excelente refeição à quilo a partir das 11:00, uma boa opção de parada antes de ir embora.
Poucos metros depois você já irá avistar uma imponente construção no alto de um morro, é o Centro de Visitantes Wanderbilt Duarte de Barros. Como o próprio nome sugere, é aqui que você pode obter todo tipo de informação sobre o parque. Há banheiros e bebedouros à disposição, assim como um museu dedicado a explicar todos os detalhes sobre a fauna, a flora e a geologia do parque, um verdadeiro paraíso para os amantes da natureza e da ciência. Há inclusive uma sessão com exemplares empalhados de algumas das principais espécies que habitam o parque e seus arredores, como a Onça Parda, o Lobo Guará e até uma das maiores aves de rapina do mundo, a Harpia. Vale a pena pedir para um colega menos curioso ou que já conheça o lugar tomar conta da sua bike enquanto você entra no museu.
Não deixe também de dar a volta completa no centro de visitante pela rua do lado de fora, para que possa ver a verdadeira fachada da construção, que fica na parte de trás e que por não ficar visível para quem segue pela estrada principal, acaba passando despercebida pela maioria.
Para quem estiver de Speed, infelizmente o pedal terminará aqui, pois o restante da estrada ainda não está pavimentado, mas para quem estiver de MTB, o passeio continua estrada acima, mas agora com os pneus na terra!
Depois de pedalar por 600 metros pela estrada de terra, você verá à sua esquerda a entrada para uma trilha que te levaria até a Cachoeira Poranga, essa trilha ficou fechada por mais de 15 anos e somente recentemente foi reaberta, mas infelizmente ela não é possível de ser feita com a bike, nem empurrando. Essa é apenas a primeira de várias atrações que te aguardam em uma próxima visita obrigatória, de carro ou de ônibus.
Pouco mais a frente você irá ver uma bifurcação, onde se seguisse à direita iria em direção ao início da Trilha dos Três Picos, uma trilha difícil que precisa de um dia inteiro de dedicação, além de um guia, portanto, mantenha-se à esquerda nessa bifurcação.
Seguindo em frente, você irá ver outra bifurcação, dessa vez, se seguisse à direita iria chegar ao Hotel do Ypê, um bom lugar para conhecer em outra oportunidade, onde é possível se hospedar ou pagar para aproveitar o dia com muito lazer em meio à natureza. Nessa bifurcação é comum encontrar pessoas vendendo guloseimas e uma deliciosa água de coco, não perca essa chance de se reidratar. Continue à esquerda na estrada principal.
Apenas duzentos metros depois você terá chego ao seu destino final, o chamado Complexo do Maromba, onde você encontrará banheiros e uma torneira com água potável gelada naturalmente (atrás do banheiro feminino). Nesse ponto você estará a mais de 1100m de altitude e poderá optar por conhecer uma das 3 cachoeiras do lugar, acessíveis por trilhas de nível fácil, mas que infelizmente não comportam a bicicleta, nem carregando.
A cachoeira mais próxima, das 3 que podem ser acessadas a partir desse ponto é a Piscina do Maromba, que pode ser conhecida descendo degraus logo em frente ao estacionamento. Se você tiver com quem deixar a bike, vale a pena conferir.
A trilha para as outras duas cachoeiras inicia-se em uma escada pouco antes da ponte que você atravessou para chegar aos banheiros. São elas a Cachoeira Itaporani e a Cachoeira Véu de Noiva, a atração principal da parte baixa do parque. O caminho até elas é mais longo e elas demandam tempo para serem apreciadas como merecem, portanto, tenha em mente que você precisará de cerca de uma hora para conhecer cada uma minimamente, já considerando o tempo da trilha de ida e volta. Caso tenha quem se prontifique a ficar de olho nas bikes pra você, vale muito a pena!
As trilhas são de fácil acesso, sendo a da Véu de Noiva de cerca de 250 metros (ida) e a da Itaporani de cerca de 500 metros (ida). O caminho em si é uma atração a parte, as cachoeiras são a cereja do bolo, uma experiência inesquecível.
Vale mencionar também que o estacionamento do Complexo do Maromba é também uma das extremidades da Travessia Rui Braga, que liga a parte baixa ao Abrigo Rebouças, na parte alta. Metade do caminho dessa travessia foi recentemente liberado para que seja feito também de bicicleta e se tornou a trilha mais desejada do momento entre os amantes do estilo Single Track. Você pode saber tudo a respeito dessa nova trilha, que leva o ciclista até o Abrigo Água Branca, a mais de 1800 metros de altitude no nosso roteiro específico sobre essa nova atração, clicando aqui.
Para encerrar, recomendamos que assista o vídeo abaixo, produzido pelos nossos parceiros do canal Bike & Places, que mostra como foi o pedal que fizemos no intuito de coletar as informações e fotos que usamos para montar esse roteiro. Não se esqueça de se inscrever!
Na volta, tome cuidado com o excesso de confiança na descida do trecho de terra, pois as ondulações e quebra molas escondidos podem ser armadilhas. Já no asfalto, a partir do Centro de Visitantes, aproveite para deixar a gravidade te levar até a portaria e diga até breve para esse parque que você certamente sempre irá guardar na memória como uma das pedaladas mais incríveis da sua vida!
Considerações finais
Este é um pedal que exige fôlego e resistência, mas que todo cicloturista do Brasil deveria fazer ao menos uma vez, pois o contato direto com a natureza é simplesmente inigualável. O parque é muito bem cuidado e seguro, sem falar na sombra proporcionada pela floresta, que ajuda a aguentar o esforço contínuo. Conte pra gente nos comentários, por favor, o seu depoimento depois de conhecer esse lugar pedalando!
Ficha técnica
Tipo de bike recomendada: Speed até o Centro de Visitantes e MTB até o Complexo do Maromba
Estrada de terra: 4km
Acostamento de BR: 5km
Quilometragem total: 14,7km
Ganho de elevação: 773m
Nível: AVANÇADO Atrações: Pedra da Fundação; Centro de Visitantes; Complexo do Maromba
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